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Uma cena muito comum nas escolas japonesas foi vista em uma escola no Cairo: os alunos da primeira série limpando suas carteiras e varrendo o chão.
A cena foi observada recentemente por um funcionário da Agência Japonesa de Cooperação Internacional. O método de ensino japonês é baseado em dar uma formação moral e de harmonia social, em conjunto com o ensino acadêmico.
Mais de 40 escolas seguindo a metodologia do ensino japonês foram inauguradas no Egito desde 2018, todas em parceria com o governo japonês.
E assim, como em toda escola japonesa, as crianças arrumam suas salas de aula e áreas comuns, e se revezam para ajudar a classe durante o dia.
Essa metodologia, juntamente com um horário próprio para as crianças refletirem sobre como passam o dia, é o que os especialistas chamam de abordagem “holística” da escolaridade.
O projeto se iniciou depois que o presidente Abdel Fattah el-Sisi visitou uma escola de ensino fundamental em Tokyo, durante uma viagem em 2016.
Em um país onde a limpeza é considerada um serviço para trabalhadores de baixa renda, dar aos alunos tais tarefas causou espanto nos pais.
Mas a metodologia de ensino japonesa tem ganho cada vez mais reconhecimento, disse Mizuki Matsuzaki, que até recentemente era o vice-chefe do escritório da JICA (Agência Japonesa de Cooperação Internacional) no Egito.
O reconhecimento veio principalmente depois que os alunos egípcios começaram a mostrar um senso de responsabilidade fora do ambiente escolar, como ajudar os pais em casa.
A JICA pretende enviar profissionais de ensino para o país do Oriente Médio, juntamente com um empréstimo de 18,6 bilhões de ienes.
Com esse investimento, o governo egipicio está planejando aumentar para 100 escolas que seguem a metodologia.
Além do Egito, mais 20 outros países adotaram o sistema de ensino japonês, entre eles emergentes da Ásia, África, Oriente Médio e América Latina.
Os países estão adotando o sistema, em grande parte, por causa do modo como a educação foi importante para os avanços econômicos e tecnológicos do Japão.
O governo japonês tem reservado 70 milhões de ienes por ano, com o objetivo de impulsionar a exportação de serviços educacionais. A iniciativa foi batizada como “Edu-port Nippon” e está ativa desde 2016.
Segundo o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia, o Egito é um exemplo de mais de 60 programas ao redor do mundo sob a iniciativa.
O programa abrange muito mais que apenas exportar a metodologia, mas também fornecer materiais didáticos como livros e softwares.
Com o avanço do envelhecimento da população japonesa, as empresas do ramo da educação têm perdido cada vez mais espaço no mercado. Então, o programa ajuda também as editoras e outras empresas do ramo a estabelecer negócios no mercado exterior.
Yoshiko Matsunaga, vice-diretor do Escritório de Planejamento Estratégico Internacional do ministério, disse que as vantagens ainda vão muito além.
Ele citou que essas crianças que aprendem habilidades e virtudes em um ambiente com influência japonesa, serão recursos indispensáveis na força de trabalho para empresas japonesas que se estabelecerem nesses países.
Ele ainda completou: “Isso irá beneficiar todos os lados, em uma situação em que todos saem ganhando”.